sábado, 19 de outubro de 2013

Superman de Todas as Eras

Thiago Rique

Para quem não viu ainda, WARNER Bros. lançou na última semana uma animação fantástica cobrindo os 75 anos de vida editorial do Superman, englobando na homenagem revistas, desenhos para TV, filmes e seriados. É claro que cobrir sete décadas de produção cultural não é nada fácil, mas eles fizeram um trabalho mais do que decente na opinião deste humilde crítico e apresentar a vocês todas as referências escondidas nesses 1 minuto e 50 segundos é meu dever hoje aqui e agora.


[00:00-00:22] Começamos com a capa mais icônica da História das histórias em quadrinhos: ACTION COMICS #1 de 1938 que marca tanto a estréia do Superman quanto o começo da chamada Era de Ouro dos Quadrinhos, findada por volta de 1950. O personagem é reproduzido aqui nos traços originais de seu co-criador, Joe Shuster, e aparece correndo e saltando em seguida sobre o prédio do Planeta Diário. Nesta época, o Superman ainda não voava, mas "era capaz de saltar sobre arranha-céus com um único pulo", uma faceta inspirada em outro personagem: John Carter de Edgar Rice Burroughs segundo seu outro criador e conceituador original, Jerry Siegel, afirmou.

[00:23-00:26] O ângulo muda e vemos o Superman de frente com um uniforme levemente diferente, tendo preto no emblema ao invés do amarelo pois ele agora é representado na versão dos desenhos produzidos pelos estúdios Fleischer entre 1941 e 1942, animações essas hoje consideradas verdadeiras obras de arte pelos especialistas devido à sua qualidade excepcional.

[00:26-00:28] Ainda homenageando a versão Fleischer, o Superman voa pela primeira vez e destrui um robô voador extraído diretamente do episódio THE MECHANICAL MONSTER (O Monstro Mecânico). Vale lembrar que esses desenhos se encontram hoje em domínio público e você pode ver de graça o episódio em questão aqui.

[00:29-00:31] O traço do herói muda para homenagear o desenhista Wayne Boring e suas aventuras nos anos 50.

[00:32-00:36 ] O Superman agora se torna a versão da série de TV THE ADVENTURES OF SUPERMAN estrelado por George Reeves, um imenso sucesso televisivo durante anos nos EUA e no mundo.


[00:37] Começa a Era de Prata. A primeira imagem é uma homenagem à capa de SUPERMAN'S PAL JIMMY OLSEN #53 onde o eterno fotógrafo do Planeta Diário se transforma no Rapaz Tartaruga Gigante (Turtle Giant Boy). É...


[00:42] Homenagem à ACTION COMICS #242, Superman vs. Brainiac!


[00:45] Superman vs. Bizarro.

[00:50] Homenagem à coleção de personagens estranhos que povoaram a Era de Prata: "Krypto, o Supercão", "Cometa, o Supercavalo", "Streaky (Listrado), o Supergato", "Beppo, o Supermacaco" e o Sr. Mxyzptlk. A Supergirl Kara Zor-El, prima em primeiro grau do herói, aparece em seu visual original. 

[00:56] O Superman é mostrado como Clark Kent ao lado de Andy Warhol e da Mulher-Maravilha em sua versão dos anos 70, quando usava roupa branca e lutava Kung Fu. Warhol foi um importante artista gráfico que utilizou a figura do Homem de Aço em algumas de suas obras mais famosas e justamente uma delas, como o personagem usando o supersopro, é analisada pelo trio numa exposição. 


[00:58] Homenagem ao desenho Superamigos (Superfriends) produzidos pelos estúdios Hanna- Barbera. O traço da animação aqui reproduz o do artista Alex Toth.

[00:59] Durante 1 segundo, aos 00:59, alguns quadros são transpostos mostrando a mudança do traço de Toth para o de Neal Adams na capa de Action Comics #419. Os brasileiros em especial devem reconhecer essa imagem da famosa capa de Super-Homem #1 da Editora Abril em 1984, onde no fundo foi utilizada uma imagem da capital paulistana¹. 



[1:00-1:04] Superman vs. Muhammad Ali, a clássica história escrita por Dennis O'Niel e com arte de Neal Adams, Terry Austin e finalização do gigante Dick Giordano. Durante esses segundos, o desenho reproduz os traços de Adams. Foi republicada no Brasil pela Panini ano passado e ainda pode ser encontrada em lojas físicas especializadas ou pela internet.

[1:05-1:09] Sequência final de SUPERMAN (1978) dirigido por Richard Donner e estrelado por Christopher Reeve de quem a animação reproduz os traços.



[1:10-1:11] Superman chega aos consoles pela primeira vez em 1978 com o game "Superman" lançado para o Atari 2600.


[1:12] Neste ponto, a música muda para "Flight" de Hans Zimmer, parte da trilha do filme MAN OF STEEL.

[1:12-1:17] Chegam os anos 90 e o personagem muda para os traços de Dan Jurgens e aparece lutando contra Apocalypse (Doomsday). Também é mostrada a capa de SUPERMAN #75 onde durante o confronto final entre ambos o herói morre.

[1:18] Após a morte do Superman, aparecem quatro heróis, cada um clamando ser o verdadeiro: Superboy, Aço, O Último Filho de Krypton e o Superman Ciborgue. 

[1:20] O verdadeiro Superman, que não era nenhum dos quatro, reaparece usando roupa preta e mullet. 

[1:21] O traço muda para o do desenhista Ron Frenz. É o final dos anos 90 e o Superman além de se tornar um ser de energia, divide-se em duas entidades: o Superman Azul e o Superman Vermelho. A cena reproduz a capa de SUPERMAN #132, assinada por Frenz. 


[1:22] Muda para o traço de Bruce Timm e chega a homenagem à SUPERMAN - A SÉRIE ANIMADA (Superman - The Animated Series) de 1996. A imagem do herói pousando naquela posição com a capa ao vento foi utilizada bastante na época do lançamento como promoção.

[1:28-1:31] Dupla homenagem. Primeiro, vemos o Superman na clássica cena da história O REINO DO AMANHÃ (KINGDOM COME) no traço de Alex Ross, onde ele faz sua primeira aparição pública depois de anos exilado voluntariamente da humanidade por achar que seus valores estavam ultrapassados. Segundo entrevista da época para a revista Wizard, seus criadores afirmaram que ele aparece sobrevoando a população e a olhando de cima para baixo para mostrar seu distanciamento da humanidade. Ao fundo, vemos uma homenagem ao seriado SMALLVILLE, que durou 10 temporadas (2001-2011).

[1:32-1:36] Chegamos à fase atual dos quadrinhos com os Novos 52 onde, desde 2011, a editora do personagem, DC Comics, resolveu resetar seu universo e começar tudo do zero A animação mostra o novo Superman com seu uniforme reformulado lutando contra o vilão Darkseid assim como na revista JUSTICE LEAGUE #6, onde ambos se confrontaram mano-a-mano pela primeira vez. 

[1:48-1:50] O personagem muda para emular as feições do ator Henry Cavil e a animação faz homenagem ao filme O HOMEM DE AÇO (MAN OF STEEL). Ela reproduz a primeira imagem oficial lançada do filme ainda em 2011. 


Ufa. É isto aí, espero que tenham gostado e descoberto algo de novo. A animação é sem dúvida um deleite para fãs mais antigos e assíduos justo por cobrir de maneira tão rápida, mas detalhada, tanto da mitologia do Superman em tão pouco tempo, porém com um profissionalismo e esmero ímpares. Se ao menos toda produção com o personagem tivesse tanto cuidado...



sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A Vilã de Aço

Thiago Rique

Faora, ou Faora Hu-UI, é uma criminosa kryptoniana sentenciada a cumprir pena equivalente a 300 anos kryptonianos na Zona Fantasma, uma dimensão paralela conectada à nossa descoberta por Jor-El onde detentos eram transformados em seres incorpóreos, podendo ver tudo a sua volta, mas sem serem vistos ou ouvidos, tal como verdadeiros espectros.

A estréia da vilã foi em 1977, em Action Comics #471, de início mostrasda ainda presa na Zona Fantasma, mas cometendo crimes por Metrópolis. Logo no número #472, ela se liberta de lá e aí pode-se vê-la em sua forma corpórea.

Por anos, Faora foi conhecida pelos leitores como "a mulher da Zona Fantasma", sendo o único membro do sexo feminino a compor o quadro de detentos lá exilados, dos quais faziam parte o general Dru-Zod, o cientista Jax-Ur, Kru-El (nome idiota e, sim, primo em segundo grau do Superman) entre outros. Ela se destacava por duas particularidades:

1) Seu ódio imenso pelos homens, razão que a levou a montar um campo de concentração particular onde exterminou 23 indivíduos do sexo masculino, podendo ser taxada como uma serial killer.

2) Seu treinamento e expertise na arte marcial kryptoniana conhecida como
Horo-Kanu, isto numa época onde mostrar um homem lutando com uma mulher de igual para igual nos quadrinhos era algo impensável e ela, desta forma, apresentava-se como um desafio para o Superman, pois ele não podia trocar socos com a vilã por motivos de cavalheirismo, mesmo ela sendo uma lutadora superior.

A sentença de Faora, aliás, só era superada pela de Jax-Ur, o responsável por destruir Wegthor, uma das luas de Krypton, tornando-a praticamente a segunda mais perigosa detenta da Zona Fantasma.

Desde sua estréia, Faora teve várias encarnações. A razão disso foi o reboot dado pela DC em todo seu universo no ano de 1986, quando também foi "zerada" toda a cronologia do Superman no projeto encabeçado pelo roteirista e desenhista John Byrne. Entre as novas diretrizes editoriais referentes ao personagem, estipulava-se dois pontos relevantes: 1) Clark Kent, agora tornado a persona predominante, iniciou sua carreira heroica na idade adulta e 2) só havia um sobrevivente de Krypton, Kal-El/Superman, e nenhum outro. Isso eliminava totalmente personagens como a Supergirl (Kara Zor-El), Krypto, os habitantes da cidade engarrafada de Kandor e também os criminosos da Zona Fantasma, incluindo a versão prévia de Faora Hu-Ul, a assassina de homens.

Um dos primeiros problemas da nova continuidade veio com a Legião dos Super-Heróis, um grupo criado nos anos 1960 cujas as histórias se passavam no século 30. A questão era que a equipe tinha sido formada de início por três jovens - Rapaz Relâmpago, Satúrnia e Cósmico - inspirados no Superboy e, na nova versão do Homem de Aço escrita por John Byrne, o herói jamais vestira o uniforme e o emblema durante a infância ou adolescência. O problema veio quando as primeiras aventuras da Legião pós-reboot continuaram fazendo referências ao Superboy e a DC precisou explicar o fato aos leitores. John Byrne, sempre criativo, veio com a solução milagrosa: de fato, o Superman jamais havia sido um super-garoto de carreira pública, mas houve um erro nos arquivos preservados no século 30 de suas primeiras aventuras e foram, de alguma forma, registradas atividades dele como um "superboy".

Um inimigo da Legião com poderes quase divinos, o Mestre do Tempo, valendo-se dessa informação e sabendo da confusão dos jovens heróis, criou um "universo compacto" onde manipulou a existência e fatos de incontáveis pessoas para criar um Superboy igual ao conhecido pela Legião nos registros arquivados do século XX e, sempre que a equipe viajava ao passado para encontrar com ele, o vilão manipulava a travessia, fazendo-a ir parar em sua dimensão paralela sem saber. Seu objetivo era eventualmente voltar o garoto contra o grupo, desestabilizando-o emocionalmente. Na trama final, para "limpar" a casa do problema criado, Byrne mata o Superboy numa aventura em conjunto com o Superman e a Legião.

Como última curiosidade deste arco, fica o detalhe dos kryptonianos daquela dimensão serem muito mais poderosos que o Superman. Uma das decisões mais polêmicas de John Byrne e da DC na época do reboot foi reduzir os níveis de poder de Kal-El. Quando este arco de histórias foi lançado, Byrne decidiu explorar um interessante conceito e estabeleceu que o Superboy - assim como todo e qualquer kryptoniano daquele universo paralelo - possuía os mesmos níveis de poderes de sua versão pré-reboot, tal como ser capaz de quebrar a barreira do tempo sozinho, por exemplo. A kryptonita deste Universo Compacto também era inofensiva, por alguma razão desconhecida, ao Homem de Aço.

Algum tempo depois, o Superman volta a esta dimensão paralela convocado pela Supergirl de lá, na verdade um clone super-poderoso de Lana Lang daquele universo, e faz uma terrível descoberta: três criminosos kryptonianos haviam sido libertados, dizimando praticamente toda população terrestre e o próprio planeta onde, graças às manipulações do Mestre do Tempo, nunca havia surgido outro herói além do finado Superboy, não havendo portanto quem pudesse se opor a eles. Os vilões eram o general Zod, Quex-Ul e... Zaora! Apesar do nome diferente, a personagem tinha um uniforme praticamente idêntico à Faora da continuidade anterior, além de sua lealdade à Zod. Todos três fugitivos, assim como o Superboy, tinham um nível de poder bem superior ao do herói viajante dimensional, mostrando-se uma ameaça muito mais letal. A história foi dividida em três edições e, talvez por isso, Byrne se isentou de dar explicações sobre o passado tanto dela, quanto dos demais, ficando totalmente em aberto se havia alguma nova informação ou não sobre o trio.

A edição Superman #22 (no Brasil, Superpowers #22, Editora Abril, 1990) foi a última escrita por John Byrne e apresentou o combate épico pela liberdade das forças da daquela Terra, lideradas por Superman e Luthor, com os pilotos Oliver Queen, Bruce Wayne e Hal Jordan, nomes bem familiares para muitos leitores. No fim, em um dos momentos mais polêmicos das HQs dos anos 1980, Superman mata os criminosos - já sem poderes - usando kryptonita verde, após eles terem exterminado todos os demais sobreviventes, restando apenas os quatro num planeta calcinado, sem sequer vida vegetal ou oceanos e rios. Assim, encerrava-se a introdução e breve participação de Faora, ou Zaora, após o reboot de 1986.

A história acima foi apagada definitivamente da cronologia do Superman após Crise Infinita em 2006 para alegria de muitos fãs do herói por considerarem "matar" uma linha que o Superman jamais deve cruzar.

Faora reapareceu brevemente como um programa de computador, uma inteligência artificial que tenta infectar o personagem Erradicador, uma máquina kryptoniana que ganhou consciência e depois se tornou um anti-herói após o evento da morte do Superman. Esta versão durou apenas a história onde a trama se passou.

Em 2001, Superman e Lois Lane vão parar no planeta natal dele através da Zona Fantasma no arco Return to Krypton e lá conhecem a dupla formada por Faora e seu marido, Kru-El, o primo do herói fazendo sua primeira aparição no universo DC após o reboot de 1986, conhecidos aqui como "Os Caçadores de Zod". Depois foi estabelecido que este planeta era uma criação do vilão Brainiac 13, sendo na verdade uma armadilha para Kal-El e Lois. Esta Faora acabou sendo morta por fanáticos religiosos.


Algum tempo depois, a DC resolveu reintroduzir Faora ao lado de um General Zod, agora sem qualquer ligação com Krypton ou a Zona Fantasma, ainda mantendo o status quo de último kryptoniano do Homem de Aço. Ela foi apresentada como uma metahumana (termo usado dentro do universo da editora para designar humano com super-poderes) que servia a este "Zod", na verdade o filho de cosmonautas russos e cujo poder vinha da radiação de sol vermelho em oposição aos do Superman, oriundos de uma estrela amarela. Esta versão teve também uma vida breve e a vilã e seu passado nunca foram bastante explorados, ficando o maior enfoque no "general" e ela acabou esquecida pelos demais autores quando esse arco de histórias se fechou. Esta foi a última aparição de uma "Faora" nos quadrinhos. (Curiosidade: Joe Kelly, o autor do arco, confirmou que a ideia inicial era fazer este "Zod" o Kal-El daquele falso Krypton criado por Brainiac 13 e que ele teria sido corrompido pelo espírito do Zod original, morto por Superman anos atrás no "universo compacto", mas em algum ponto ele e a DC mudaram a direção da história. Fica claro ao lê-la, porém, que o vilão definitivamente sofria influência daquele "outro" Zod).

"Mas, um momento, e Ursa, a vilã de Superman II?", você pode perguntar. "Como Faora pode ser a única detenta da Zona Fantasma? Ursa não existe?"
Para explicar essa confusão, vamos primeiro entender que, quando Superman I e II foram filmados, não havia muito cuidado ou esmero em se manter fidelidade ao material original e, portanto, muitas liberdades eram tomadas nas adaptaçãos de quadrinhos para o cinema, rádio ou TV, algo presente até hoje nestas produções. Uma delas era a mudança de nomes de personagens ou fatos de suas vidas por completo. Assim, em Batman (1989) é o Coringa quem mata os pais de Bruce Wayne. Aqui, Faora foi a inspiração para Ursa, esta herdando dela inclusive o ódio por homens. Na fala de Jor-El (Marlon Brando), até fica implícito que este sentimento ameaçou "as crianças do planeta Krypton", ou seja, ela deve ter matado alguns garotos pelo caminho antes de se aliar ao general Zod no fracassado golpe mostrado de forma breve no começo de Superman II. Da mesma forma, Jax-Ur e Kru-El, dois zoners famosos, foram substituídos por Non, um gigante com deficiência mental, sem qualquer similaridade aos dois, sendo uma criação totalmente nova do escritor Mario Puzo e dos roteiristas David e Leslie Newman.

Assim, Ursa, vivida pela atriz Sarah Douglas, jamais foi uma personagem de quadrinhos, sendo exclusiva do filme. Da mesma forma como os roteiristas do longa-metragem ignoraram Faora, os dos quadrinhos também ignoraram sua contraparte cinematográfica, entendendo pertencer cada uma a sua mídia respectiva.


Mas isso começou a mudar ainda em 2001. Antes de se introduzir a "Faora metahumana" citada acima, a DC resolveu rescrever novamente a origem do Superman com a mini-série Legado das Estrelas escrita por Mark Waid e desenhada por Francis Yu, abrindo as portas para a existência de outros kryptonianos ao romper com a lei do "só pode haver um" e trazendo de volta, nos anos seguintes, a Supergirl original (Kara Zor-El) e a cidade de Kandor, embora o silêncio sobre uma Faora mais fiel à versão pré-1986 continuasse.

Em 2006, DC convidou Richard Donner, o diretor de SUPERMAN I e de praticamente 70% do segundo para escrever um arco de histórias oficial para as HQs e ele foi responsável por introduzir Ursa e Non nos quadrinhos como personagens oficiais do cânone ao lado do General Zod, todos os 3 apresentados como kryptonianos puro-sangues e fugitivos da Zona Fantasma. Donner incorporou novos detalhes ao passado da vilã, alterou outros estabelecidos no filme e desenvolveu mais personalidade dela, enfim distanciando ainda mais Ursa de Faora.


Ficou estabelecido que Ursa era subordinada militar e amante do General Zod, sendo uma soldado altamente treinada do exército kryptoniano. Ela e Zod também tinham um filho, Lor-Zod, nascido na Zona Fantasma e depois adotado por Clark e Lois por um breve período, onde ganhou o nome terráqueo de Christopher Kent numa clara homenagem clara do diretor a Christopher Reeve, ator que viveu o Superman em seus filmes.

A única vez onde Faora e Ursa foram apresentadas como seres totalmente distintos e separados, inclusive coexistindo juntas, foi no episódio The Hunter da série animada do Superman produzida em 1988 pelo estúdio Ruby-Spears, quando ambas aparecem trabalhando ao lado de Zod.


Mas, se desde 1988 (1990 no Brasil) não se ouvia falar de uma Faora kryptoniana nos quadrinhos, o cinema guardava uma surpresa. MAN OF STEEL, o novo filme do Superman, tem o privilégio de resgatar e apresentar à grande audiência a personagem original, Faora, vivida pela atriz alemã Antje Traue. Mas a confusão entre ela e Ursa só piorou: tirando uma rápida passagem onde ela luta com Kal-El usando claros movimentos de artes marciais, não existe praticamente nada na personagem que remeta a sua versão quadrinística original. Faora é agora apresentada como uma soldado, membro do exército kryptoniano e subordinada a Zod, sendo sua segunda-em-comando. Soa familiar? Pois é, o ciclo se completou e agora é ela que absorveu em sua versão cinematográfica traços da Ursa dos quadrinhos, tornando ainda mais indistinta a linha entre as duas vilãs.


Outra pequena curiosidade no filme é o nome da vilã. Ela chama a si de Faora-Ul em certo momento, mas este não era o modo adotado para nomear mulheres kryptonianas em nenhuma das versões do planeta nesses 75 anos. O padrão "básico" sempre foi um primeiro nome seguido pelo nome completo do pai, que comportava o nome da família. Por exemplo, a mãe de Kal-El se chamava Lara Lor-Van, enquanto a Supergirl original, prima do herói, é Kara Zor-El. Originalmente, as mulheres herdavam o nome do marido quando casavam (Lara passou a se chamar Lara Jor-El), mas após o reboot de 1986 isso sofreu algumas mudanças e a partir de 2011 ficou estabelecido que elas mantinham o nome do pai mesmo após casar. Assim, uma mulher de Krypton nunca acoplou o nome da família ("El", "Van", "Ul", "Zod") direto ao seu como em "Faora-Ul" e não se sabe porque isso foi apresentado assim no filme de 2013, pois a própria Lara, a outra kryptoniana a aparecer na película, é nomeada de forma correta em diversos materiais promocionais.

Em 2011, a DC novamente "zerou" seu universo após o evento "Ponto de Ignição" ("Flashpoint") como parte do projeto NOVOS 52 que visava reiniciar a história de seus personagens. Na nova origem e histórias do Superman, já foi apresentada a existência de Ursa e Zod, Jax-Ur e Non também já foram citados ou aparecerem fisicamente em algum ponto nestes 24 meses desde o relançamento das revistas, mas sobre Faora nada ainda foi dito, permanecendo o silêncio. Porém, com o sucesso de Man of Steel e a popularidade crescente experimenta a seguir pela personagem junto ao grande público, com certeza voltaremos a ouvir falar da assassina de homens logo: existe uma personagem na capa de "Superman/Wonder Woman #1", a nova revista mensal dedicada ao casal 20 da DC, bem parecida com ela e com um visual idêntico ao do filme. Resta saber quais novidades esta nova versão trará.


sábado, 24 de agosto de 2013

A volta do jogo Street Rod

Alê Nunes


No início dos anos 90 um amigo me mostrou o jogo Street Rod.

Ambientado nos anos 60, o enredo do jogo consiste em envenenar seu carro, obviamente um Street Rod, ir para um Drive-In e desafiar outros rodders para um racha.
(Leia mais...)

quarta-feira, 17 de julho de 2013

O Enigma da Pirâmide

Alê Nunes


Depois de muitos anos, acabei de (re)assistir a um clássico dos anos 80 e da Sessão da Tarde, O Enigma da Pirâmide (Young Sherlock Holmes – 1985).

Como o titulo original indica, se trata de uma história do jovem Sherlock Holmes, na verdade um adolescente. Mas mais do que isso, é o primeiro encontro de Holmes com seu fiel companheiro Watson.
Apesar de não ser uma história criada por Sir Arthur Conan Doyle, criador dos personagens, é uma história muito respeitosa ao cânone do detetive mais famoso do mundo, e como o próprio filme esclarece, o escritor nunca deixou claro como foi a primeira aventura de Holmes e Watson.

Com pitadas de Indiana Jones, os heróis ingleses precisam desvendar uma série de assassinatos que estão ocorrendo em Londres. Isso os leva a enfrentar os membros de um culto de admiradores do deus egípcio Osíris.

A história é muito bem conduzida, com a dose ideal de comédia e aventura, e mostra a origem de algumas características que seriam marcas registradas de Holmes ao longo de sua vida.

Com o parágrafo acima eu teria finalizado esse texto se eu o escrevesse antes de assistir aos filmes de Harry Potter.

Harry Potter?! Você pode estar se perguntado.

Sim, pois para mim existe uma semelhança incrível entre vários aspectos dos filmes do bruxinho e do maior detetive do mundo (não, não é o Batman!):


  • Todo o ambiente da escola, professores e o rival esnobe;
  • Grupo de protagonistas formado por dois meninos e uma menina;
  • Poção de plantas utilizada pelo vilão (quase mágica);
  • Mistério e muitos enigmas (é um filme de detetive, né?);
  • Isso sem contar que o roteirista de Enigma da Pirâmide, Chris Columbus, dirigiu Harry Potter e a Pedra Filosofal e Harry Potter e a Câmara Secreta; e finalmente
  • Se Harry Potter existisse em 1985, Alan Cox, que interpretou Watson, seria forte candidato ao papel do aluno mais famoso de Hogwarts.

Ah, Steven Spielberg foi o Produtor Executivo desse filme, seja lá o que isso for...

Assista Enigma da Pirâmide, pois vale muito a pena!

sábado, 22 de junho de 2013

Tetris Link [ Techno Source ]

Alê Nunes


Tetris (em russo: Тетрис) é um jogo eletrônico muito popular, desenvolvido por Alexey Pajitnov, Dmitry Pavlovsky e Vadim Gerasimov, e lançado em junho de 1984. Pajitnov e Pavlovsky eram engenheiros no Centro de Computadores da Academia Russa das Ciências e Vadim era um aluno com 16 anos.